sábado, 5 de setembro de 2009

Redes Sociais

O estudo das redes sociais apresentou-me conhecimentos que os leigos intuem e que são extremamente importantes para a saúde mental. Com redes sociais queremos dizer que:

“as fronteiras do sistema significativo do indivíduo não se limitam à família nuclear ou extensa, mas incluem todo o conjunto de vínculos interpessoais do sujeito: família, amigos, relações de trabalho, de estudo, de inserção comunitária e de práticas sociais.” (p. 37)

Em Psicologia Ambiental estudamos planejamento urbano e, no escopo deste, a segurança. A principal informação que esta área da ciência traz é que uma rua é segura quando está sendo usada pelas pessoas e não quando há policiais fazendo-lhe a ronda. Assim, as pessoas na rua, ocupando-a, usando o espaço público é que efetivamente instala a segurança em um local, não sendo apenas uma sensação.

De maneira similar, quanto mais pessoas em nossas vidas, mais estamos seguros pessoal, social e psicologicamente. Para isso, precisamos nos fazer presentes nas vidas das pessoas e mostrar-lhes o quanto poderemos fazer falta. A busca mútua entre as pessoas parece ser uma vacina para nossa atual “histeria”: a depressão.

A compreensão de que cada pessoa pode atuar em funções diferentes também é bastante útil para não sobrecarregarmos as expectativas que temos. Nós e os outros nos colocamos em posições tais que devem ser respeitadas e utilizadas com cuidado. Esperar que uma pessoa atue de forma diferenciada que aquela que costuma atuar pode gerar frustração, desentendimentos desnecessários e rupturas. Na verdade, tal atitude pode ser reajustada quando se compreende os diferentes papéis que as pessoas têm nas nossas vidas, e que aquele comportamento inesperado não indica desinteresse.

As redes sociais têm como características estruturais:
Tamanho – números de pessoas na rede;
Densidade – conexão entre membros independentes do informante;
Distribuição – quantidade de indivíduos em cada grupo em estudo (família, amigos, comunidade, escola, trabalho, grupos desportistas – observadas as características de cada cliente);
Dispersão – distância entre os elementos da rede;
homo/heterogeneidade – diferenças etárias e sócio-culturais entre os componentes da rede.1

Os elementos da rede social podem ter diversas funções. Estas por sua vez podem ser exclusivas ou associadas. As funções são:
companhia social;
apoio social;
apoio emocional;
guia cognitivo e conselhos;
regulação social;
ajuda material e de serviços;
acesso a novos contatos.

Uma pessoa pode ser companhia social (acompanha a festas) e apoio emocional (nos casos em que há crises, o amigo mostra-se presente). Uma amiga pode ser apenas guia cognitiva e de conselhos, mas não ser boa em ajuda material devido a sua estrutura familiar super exigente e a falta de tempo.

Características e funções da rede social de um cliente (aluno, professor, pai de aluno, diretor da escola, auxiliar de serviços gerais) podem ser analisadas objetivando detectar melhores adaptações, explorações e ajustes para ultrapassar dificuldades psicológicas. A possibilidade de usar estas informações torna-se um importante instrumento clínico.

Solicito que busquem mais informações em

Sluzki, C.E. (1997). A rede social: proposições gerais. Em: C.E. Sluzki. A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

posto que este nosso texto traz apenas um aperitivo do que realmente se conhece e instrumentaliza de redes sociais. Como sempre, trago para os leitores deste blog novidades para mim que considero úteis para os psicólogos escolares.

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