domingo, 25 de outubro de 2009

Sobre indisciplina coletiva

Um/a leitor/a solicitou auxílio para lidar com sua classe indisciplinada (comentou na postagem “Dinâmica laboral de uma escola”). Agradeço a questão!

Entendo que todo o comportamento pode ser interpretado como uma forma de comunicação. Assim, a indisciplina dos alunos indica um desconforto com alguma coisa. Se ela está muito relacionada com a violência, então apresenta o principal perfil da nossa sociedade atual.

O avanço da violência que percebemos hoje em todos os níveis de relacionamento entre humanos aponta para um modelo. Eu penso que a principal raiz deste modelo está nas produções audio-visuais que consumimos. Um dos diretores mais famosos e valorizados é Quentin Tarantino. Ele afirma que a câmera cinematográfica foi inventada para fotografar a violência. Filmes de longa-metragem para cinema ou televisão, seriados, desenhos animados são realizados com base em relações violentas. Produções que não apontam conflito não geram bilheteria e são sem graça. Esta cultura de agressividade tem chegado às músicas e o sucesso dos raps entre adolescentes mostram isto. Nossos telejornais também mostram esta preferência. Há jornais escritos que são classificados pela metáfora: quando torcemos este jornal, pinga sangue. Os mortos são fotografados e apresentados sem pudor algum e os jornais são consumidos vorazmente.

Não podemos esperar que as crianças apresentem comportamentos diferentes dos que elas presenciam em casa, nas novelas, nos filmes, nos desenhos. Que tipo de expressão afetiva elas mostrarão senão aprendem nada diferente? A violência e o desrespeito são valorizados socialmente em seus mínimos gestos.

Nossos alunos mais violentos são tratados com outro tipo de afeto. Uma vez me surpreendi com minha reação agressiva frente a um aluno e sua mãe. Ele gritava comigo e com sua mãe, recusando tudo o que lhe oferecíamos. Ela bateu nele duas vezes na minha frente. Após perceber a minha própria reação e com a saída da mãe por alguns instantes, toquei o braço do aluno com delicadeza e falei-lhe bem baixinho e com doçura. Ele então aceitou um copo d’água que lhe ofereci, andamos um pouco até o bebedouro para que ele respirasse melhor, aguardei que bebesse a água, dispensei a mãe e comecei a conversar com ele informando quais eram meus objetivos, proposta de trabalho e exemplo de um caso bem sucedido que ele conhecia. Desde então, sua extrema reatividade acabou.

Com este exemplo procuro mostrar que há casos em que o/a aluno/a não sabe outra forma de expressar-se. Como sempre é incompreendido quando está agitado, não percebe que pode mudar pequenas coisas e, consequentemente, transformar a reação dos outros em relação a si mesmo. Na verdade, muitos de nós, mesmo adultos, não percebemos isto.

Minha sugestão para tratar uma turma inteira indisciplinada é conversar com todos de forma que eles/as possam se olhar e se ouvir. Eles/as devem entender que a desorganização é prejudicial a todos e responsabilidade deles/as também. O silêncio é feito por cada um e cada um deve responder pelo seu silêncio.

É necessário dar a palavra ao/às alunos/as. Eles/as apresentam excelentes alternativas de solução de problemas. Apostemos nas idéias das novas gerações. Ninguém melhor do que nossos alunos/as se conhecem, individualmente e em grupo. Eles/as sabem quem faz mais bagunça, pois estão atentos para a diferença da turma quando alguém falta à aula. Valorizemos suas idéias, sua comunicação oral, facial e gestual. Devemos oferecer alternativas de comunicação para os pequenos. Conhecer suas famílias e entender como se relacionam e comunicam para melhor compreendê-los e, assim, educá-los.

Também é importante que eles/as saibam que estão sendo agressivos oral, facial e gestualmente e o quanto isto é ruim para nós. Esta conversa especificamente deve ser individual para que não se posicionem contra nós perante a turma de modo a se fortalecerem, o que é bastante valorizado socialmente entre os/as alunos/as.

Espero que a pessoa que suscitou esta postagem tenha tido acesso a ela e que a tenha atendido. Caso não tenha surtido efeito, solicito que indique pormenores para que eu possa ser mais específica. Se preferir, envie e-mail para mim diretamente: vicenzacapone@hotmail.com e ficarei feliz em auxiliar.

domingo, 18 de outubro de 2009

Violência contra educadores

Hoje recuperei um relato meu sobre uma crise de aluno durante atendimento psicopedagógico. Muitos foram os fatores posteriormente identificados que provocaram uma forte reação agressiva por parte deste meu aluno. Trago meu próprio relato para mostrar o pânico que os educadores sofrem quando lidam com casos de agressividade dentro das escolas. O problema que enfrentei teve sua origem nas instituições e não na criança atendida. Um dos fatores identificados como propiciadores de sua reação foi a falta de acompanhamento dos responsáveis pelo abrigo que acolhia esta criança. Além disso, a falta de apoio dos gestores da educação e a incompreensão que sofri por parte dos colegas de trabalho me deixaram chocada com a forma que a situação foi conduzida (na verdade, percebo hoje que havia um desejo de que a situação fosse simplesmente ignorada).

Passei a atuar como psicóloga escolar este ano e em minha escola estuda um ex-menino de rua. Após conhecer um pouco da história do menino, decidi fazer uma intervenção mais freqüente com ele que agia de forma completamente diferente dos outros. Ele tem sete anos e já passou por tudo que meninos de rua costumam passar. Após três meses de atendimento, eu ainda não conhecia muito o menino, pois ele fala muito pouco. Devido a uma mudança de horário, um dia o menino agitou-se a ponto de me jogar todos os móveis que havia em minha sala assim como todos os objetos pequenos. Eu o atendia com mais duas crianças que foram tiradas às pressas da sala para não serem machucadas. À noite, minha mãe me perguntou se eu tinha ido fazer exame de corpo delito e eu respondi, alarmada, que não, claro que não! Ela então me disse: “até quando vocês vão apanhar dessas crianças?” Liguei então para uma amiga/colega de trabalho e ela foi mais enfática que minha mãe. Fazer o exame e um relatório para minha central explicando o fato. Fui então à delegacia onde o policial me explicou que nada aconteceria com o garoto e que não havia outra forma de realizar o exame, comprovando a agressão. Não tive apoio na escola onde atuava, pois ela é considerada muito tranqüila e a direção questionou meu relatório. Aparentemente estavam com medo de alguma coisa que ainda não consegui perceber. Quando fui entregar meu relatório na central, a outra chefia perguntou qual era a escola e uma vez respondida ela disse: "mas é uma escola tão tranquila!" Ainda não sei o que esse povo quis dizer. Quarenta dias depois do ocorrido, a conselheira tutelar que toma conta do menino visitou a escola. Perguntou o que tinha acontecido. Contou a história de vida do menino. Ao final, ela questionou quem era a vítima da história e disse que eu não deveria ter ido à polícia. Eu não esperei que ela dissesse a razão para não ir, respondi-lhe que não havia outra forma de fazer o exame de corpo delito e que o policial me garantiu que nada aconteceria ao garoto. Nossa infância está dilacerada! As pessoas que estão em idade reprodutiva não são adultas para educar suas crias. Nós da educação não conseguimos lidar com essas crianças tão protegidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Temos que compreender como pensam essas novas crianças de modo que elas também nos compreendam. Mas será que elas têm algum interesse em ser compreendidas? E o que podemos dar para essa nova geração? Nossa ciência não oferece subsídios para essa realidade tão crua e nós, que estamos com as mãos na carne, temos que inventar alguma coisa para evitar esse caos que tão rapidamente se aproxima.

O crescimento da violência nas escolas toma um vulto que chegamos a pensar na mudança de leis ou criação de outras. O Jornal do Senado, em sua edição semanal de 12 a 18 de outubro de 2009, tem a violência escolar como manchete principal. A matéria intitulada “Violência escolar explode no mundo todo” e toma toda a página central do periódico legislativo. Ela informa a inclusão da cultura da paz entre os objetivos básicos da educação nacional. Para íntegra da matéria, acesse http://www.senado.gov.br/JORNAL/arquivos_jornal/arquivosPdf/091012.pdf

Uma das colunas será aqui transcritas na íntegra devido a sua importância e alcance conforme nosso julgamento.

O que fazer em cada caso
Quando ocorre violência na escola, é preciso tomar atitudes imediatas. Veja como o professor deve agir nas seguintes situações:
Aluno armado na escola: só converse com a criança/adolescente se sentir que o diálogo é possível. Peça à direção que chame a polícia, cujo dever é abrir processo no juizado da infância e da juventude.
Ameaça ao professor: a vítima deve registrar ocorrência na delegacia de polícia, pedir a intervenção do conselho tutelar, conversar com os pais e a comunidade. Em último caso, pode ser inevitável solicitar a transferência do aluno.
Agressão: informe a direção da escola e a diretoria regional de ensino, registre a ocorrência na polícia, de preferência acompanhada pelo diretor da escola. Se o agressor for menor de 12 anos, é obrigatória a convocação de representante do conselho tutelar.
Arrombamentos e furtos: dar queixa na polícia é obrigatório.
Suspeita de abuso em casa: é obrigação da escola comunicar o conselho tutelar. O mesmo vale para ausência prolongada do estudante.”

No caso de agressão, acrescento que o relatório encaminhado a cada uma das instâncias acima indicadas deve ter uma cópia encaminhada à Promotoria da Educação (ProEduc) do Ministério Público. Os casos de violência sofridos pelos profissionais da educação devem ser denunciados e não esquecidos, escamoteados. E os profissionais devem ser apoiados. Se as políticas de prevenção propostas para a nossa sociedade passa pela escola, os educadores devem ser empoderados em sua ação ao invés de massacrados por exigências de outras instâncias públicas e falta de respeito de alunos, pais e gestores como vem ocorrendo.

Psicologia Escolar na Internet - uma pesquisa de conteúdo

Quando criei este blog, fiz uma pesquisa para identificar sítios similares a este tanto em conteúdo quanto em proposta. Lancei o termo Psicologia Escolar e analisei o conteúdo de uns tantos endereços que foram identificados pela ferramenta de busca do Google. Percebi que havia um único sítio semelhante ao meu, ou seja, referente a exposição de experiência em Psicologia Escolar por parte de um profissional atuante na área.

Por crer na importância desta informação, no dia 13 de outubro de 2009 refiz a pesquisa utilizando dois termos desta vez: Psicologia Escolar e Educacional e Psicologia Escolar.

Usando como palavras de busca no Google Psicologia Escolar e Educacional obtive 318000 resultados compatíveis. A ferramenta de busca selecionou 540 por serem os demais bastante semelhantes. “Para mostrar os resultados mais relevantes, omitimos algumas entradas bastante semelhantes a 531 já exibidas.
Se quiser, você pode repetir a consulta, incluindo os resultados omitidos.”


Analisei os 100 primeiros sítios indicados dos quais:
60 são institucionais:
03 clínicas
10 ABRAPEE
01 ANPEPP (aviso sobre reunião do Grupo de Trabalho em Psicologia Escolar)
01 CRP (aviso sobre reunião do Grupo de Trabalho em Psicologia Escolar)
03 revistas da área
15 Cursos de Psicologia Escolar e Educacional (universidades, departamentos, especializações, graduação)
15 encontros de profissionais (congressos, simpósios, palestras)
05 CFP (informações sobre a prova de especialista em Psicologia Escolar e Educacional)
01 Gabarito da prova de especialista em Psicologia Escolar e Educacional de instituição não identificada
06 grupos de pesquisa ou laboratórios ligados a instituição de ensino superior

34 são referentes à produção acadêmica:
10 resumos (anais de congresso ou informativos sobre o assunto para leigos)
12 livros (aqui fazemos uma ressalva, pois alguns livros apresentam diversos sítios aparecendo cinco vezes em um dos casos)
12 artigos de revista

03 indicações de sítios ou livros da área

03 currículos de profissionais

Aqui indico como resultado mais importante não haver nenhum sítio de exposição de experiências em Psicologia Escolar e Educacional.

Continuando a pesquisa com o termo Psicologia Escolar no Google, foram relacionados aproximadamente 528.000 sítios e indicados 446 para análise por parte da própria ferramenta de pesquisa: “Para mostrar os resultados mais relevantes, omitimos algumas entradas bastante semelhantes a 444 já exibidas. Se quiser, você pode repetir a consulta, incluindo os resultados omitidos.”

Novamente analisei os 100 primeiros sítios disponibilizados.

49 institucionais
06 ofertas de empregos
02 ABRAPEE
01 revista
24 cursos (universidades, departamentos, especializações - 09, graduação)
06 serviços oferecidos em Psicologia Escolar
03 grupos de pesquisa e estudos (ligados a instituições de ensino superior)
05 encontros profissionais
02 concursos públicos

43 produção acadêmica
03 indicações de livros (livrarias, sítios de compras)
14 artigos de revista
01 resumo em anais de congresso
03 resumos ou relatórios (para disciplinas em curso de graduação)
15 livros (mais uma vez, alguns livros foram indicados diversas vezes)
07 resumos para leigos (textos de temas introdutórios)

01 imagem de Psicologia Escolar

01 pergunta no Yahoo Respostas

02 comunidades na internet

01 indicação para serviços em Psicologia Escolar

03 experiências profissionais em Psicologia Escolar (dois deles são referentes a este blog)

Dentre os sítios indicativos de livros selecionados pelo Google, minha análise mostra apenas sete livros não repetidos. O clássico livro organizado por Maria Helena Souza Patto não está entre eles. Os endereços para interessados/as:
http://www.guiademulher.com.br/ver_noticias.php?cid=livro-sobre-psicologia-escolar-1
http://br.gojaba.com/book/1779739/Psicologia-Escolar-Maria-Helena-Novaes
http://www.tradepar.com.br/detalhes/psicologia-escolar-etica-e-competencias-na-formacao-e-atuacao-profissional-8575160516-95.html
http://claisy-maria-marinho-araujo.comprar-livro.com.br/livros/1857516127/
http://www.livrariadafisica.com.br/detalhe_produto.aspx?id=85031
http://www.jacotei.com.br/psicologia-escolar-em-busca-de-novos-rumos-machado-adriana-marcondes-8585141816.html
http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=5292

Indico também a seleção de artigos de revistas on-line. Neste caso, não cuidei das duplicidades. Além disso, não me responsabilizo pelas idéias contidas em cada artigo ou sítio aqui disponibilizados.
http://www.psicologiavirtual.com.br/psicologia/principal/conteudo.asp?id=3854
http://www.partes.com.br/ed33/emquestao.asp
http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932002000200002&lng=es&nrm=
http://books.google.com.br/books?id=c1G6dW1my0UC&pg=PA105&lpg=PA105&dq=Psicologia+EScolar&source=bl&ots=zmLayKuxiA&sig=0TyAw2MfAQuoH_G6ci9BxRkw-Dk&hl=pt-BR&ei=TpbUSpbnGIONuAewmKGJDQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=8&ved=0CCEQ6AEwBzgU#v=onepage&q=&f=false
http://www.revistavigor.com.br/2008/01/21/psicologia-e-psicologia-escolar-no-brasil/
http://biblioteca.universia.net/ficha.do?id=36573407
http://www.infocien.org/Interface/Colets/v1n05a06.pdf
http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=525634&indexSearch=ID
http://www.alppsicologa.hpg.ig.com.br/PsicologoEscolarEducadorClinico.pdf
http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=572
http://sites.ffclrp.usp.br/paideia/artigos/28/07.htm
http://www.institutoagilita.com.br/imagens/Queixa%20escolar.pdf
http://biblioteca.universia.net/ficha.do?id=43282769

O objetivo desta pesquisa foi identificar as produções relativas a experiências vividas na atuação profissional fora da academia. Neste sentido, dentre os 200 sítios analisados, apenas dois preencheram os nossos critérios. Um deles é este. O outro também foi encontrado quando realizei a primeira pesquisa no dia 21 de abril de 2009. Como foi o único, não poderia me esquecer. O sítio é do psicólogo José Luiz Belas, que atua em Niterói – RJ. A experiência profissional dele é vasta com atuação em psicologia clínica (atendimento individual, grupal, casal, família), psicologia hospitalar, escolar, seleção, orientação de estágios em clínica. O objetivo de sua página é semelhante ao meu: compartilhar experiências de forma sistemática com outros profissionais e estudantes de psicologia. Seus textos são fundamentados sem pretensão de linguagem acadêmica.
http://www.jlbelas.psc.br/meustextos.php?var=meustextos&op=secao&id=15

Conforme disse inicialmente e a própria ferramenta de pesquisa indica, há repetições de conteúdo dentre as centenas de milhares de indicações encontradas em ambas pesquisas. Decidi não avançar na análise de todos os 446 sítios indicados em Psicologia Escolar porque encontramos muitas repetições nos 100 analisados, parecendo-nos desnecessário e improdutivo.

Considerei também digno de nota a variação encontrada entre as duas pesquisas. Em Psicologia Escolar e Educacional ,94 sítios foram institucionais e acadêmicos, tendo seis páginas fora dessas categorizações. Na pesquisa com o termo Psicologia Escolar houve maior variação de subtemas dificultando a restrição de categorias: 92 sítios categorizados em instituições ou produção acadêmica; 8 páginas classificadas em cinco grupos bem díspares em conteúdo. Relaciono esta pequena diferença à valorização do termo Psicologia Escolar em detrimento do Educacional. Além disso, a diferença no número de sítios selecionados pela ferramenta de pesquisa indica o englobamento de uma pesquisa sobre a outra, neste caso a Psicologia Escolar supera a Psicologia Escolar e Educacional, abarcando-a. Talvez o termo menor esteja se fortalecendo pelo uso.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Redes Interinstitucionais

Em meu trabalho como psicóloga de escola, durante as entrevistas com os pais, percebia necessidades que eu não poderia sanar. Limitações no trabalho com os alunos também me angustiaram desde o início de minha experiência laboral. Comecei a perceber que sozinha não conseguiria resolver as questões que detectava.

Cursos, palestras, supervisões, reuniões, conversas me mostraram que há vários serviços disponíveis que podemos usar e encaminhar pessoas. O nome deste conjunto de contatos é rede. Este conceito é equivalente ao de rede social. A rede social é composta por pessoas que convivem conosco. Já escrevi sobre isto neste blog (Redes Sociais) e apresentei suas características.

Desconheço qual é o nome oficial desta rede profissional, mas aqui usaremos o nome rede interinstitucional.

O governo federal instituiu o Programa Saúde nas Escolas (PSE) que não é uma parceria, mas uma ligação efetiva dos trabalhos de duas áreas do poder executivo: saúde e educação. A educação é chamada porque todas as crianças do país devem, obrigatoriamente, estar na escola sob pena de responsabilidade dos pais. O trabalho preventivo da saúde não consegue atrair as pessoas, então as duas áreas se complementam.

Este programa está sendo implementado em várias cidades do país e no Distrito Federal há escolas que iniciam sua implantação como projeto piloto. Para saber mais sobre o Programa Saúde na Escola (PSE) acesse:
http://dtr2004.saude.gov.br/dab/programa_saude_na_escola.php

Ainda no setor de saúde, a nível federal temos os Centros de Atenção Psicossocial com atuação e gestão municipal. Os CAPS são centros de atendimento em saúde mental substitutivos de hospitais psiquiátricos. São uma resposta à reforma psiquiátrica fruto da luta antimanicomial. Há centros com foco em dependência química, denominados CAPS-AD (álcool e outras drogas). Para detalhes:
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=29797&janela=1

Na área de Assistência Social temos um programa governamental em adiantado estágio de implantação, mas talvez de pouco conhecimento, em todo o território nacional. A política de Assistência Social brasileira se faz em três níveis: básica, de média complexidade e de alta complexidade.

No nível básico, são realizadas ações preventivas para indivíduos ou famílias que se encontrem em vulnerabilidade ou em risco social. As ações têm como fonte o Centro de Referencia de Assistência Social (CRAS). As adaptações são feitas pelos profissionais de cada CRAS de acordo com a necessidade de cada comunidade. Mais informações, favor acessar:
http://www.mds.gov.br/programas/rede-suas/protecao-social-basica/paif

No nível de média complexidade, as ações envolvem casos em que já ocorreram violações de direitos como violência física, moral, sexual; abandono ou ameaça, trabalho infantil, entre outras. Neste nível, as pessoas que tiveram seus direitos violados ainda contam com vínculos familiares preservados. Em geral, os casos de crianças e adolescentes são levados ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) pelos Conselhos Tutelares. Outras informações, acesse:
http://www.mds.gov.br/programas/rede-suas/protecao-social-especial/centros-de-referencia-especializados-de-assistencia-social-servicos-de-protecao-social-especial-a-familia-pessoa-idosa-crianca-adolescente-e-pessoa-com-deficiencia/centros-de-referencia-especializado-da-assistencia-social-2013-creas-familias-e-individuos

A Assistência Social de alta complexidade é realizada por abrigos e albergues quando os vínculos familiares foram rompidos ou a família se mostra fonte do desrespeito aos direitos.

O já citado Conselho Tutelar é o núcleo de encaminhamentos de questões que envolvem violações de direitos de crianças e adolescentes. São formados por cidadãos pertencentes à comunidade que representam e são votados por ela conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os Conselhos Tutelares funcionam realmente e as comunidades que tenho servido temem sua ação devido a sua atuação incisiva e eficaz.

Na área esportiva temos o Programa Segundo Tempo em fase de implantação. Objetiva estimular a prática de esportes por parte das novas gerações no turno contrário à freqüência escolar. Seu público alvo são crianças e adolescentes em risco social. Infelizmente, não foi possível acessar o Ministério do Esporte diretamente. O sitio sugerido traz um resumo do que podemos esperar deste programa federal:
http://www.sempretops.com/destaques/programa-segundo-tempo-ministerio-do-esporte/

O Ministério da Cultura, desde 2007, estimula iniciativas de ações culturais locais através dos Pontos de Cultura. Grupos formados na comunidade com objetivos culturais e sem fins lucrativos recebem benefícios de modo a se fortalecerem e realizarem suas atividades com apoio financeiro. Para saber o que são e como funcionam os Pontos de Cultura, sugiro este sitio da Secretaria de Cultura do Mato Grosso:
http://www.cultura.gov.br/site/2009/06/14/edital-de-selecao-de-pontos-de-cultura-em-mato-grosso/
e do Distrito Federal:
http://www.sc.df.gov.br/?sessao=materia&idMateria=7&titulo=DF-GANHARA-21-PONTOS-DE-CULTURA

Estes são exemplos de entidades e programas governamentais que podem auxiliar o trabalho que realizamos com nossos alunos na escola. Dependendo de cada caso, os pequenos podem se beneficiar com uma aula de música, esportes, teatro, serviços de saúde; suas famílias podem ser acompanhadas em grupos terapêuticos; seus pais encaminhados a setores de atendimento em saúde mental ou grupos de Alcoólicos Anônimos (AA ou AlAnon, para familiares) ou Narcóticos Anônimos; grupos de geração de renda; atendimentos psicoterápicos.

Além desses serviços disponibilizados pelo governo municipal, estadual e distrital (no nosso caso aqui em Brasília), ligações pessoais entre profissionais podem ser feitos durante nossa participação em cursos, palestras ou encontros casuais durante nossa vida social. Tenho o costume de solicitar telefones para amigos antigos e novos que demonstram potencial auxílio em meu trabalho. Em geral sou bem compreendida quando ajo desta forma e, principalmente, quando aciono as pessoas para atuar junto às crianças e suas famílias.

As leis são muitas e as formas de atendimento nos setores públicos e privados mudam muito. Quando conhecemos alguém no lugar certo, muitas dificuldades são ultrapassadas devido ao acesso a informações úteis, frescas e, principalmente, corretas. Deixo claro que os atendimentos não são privilegiados, mas objetivos já que, encaminhando para setores corretos, não perdemos tempo precioso e, dependendo do caso, evitamos traumas ou agravos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

2000

Comemoro hoje 2000 acessos!
Sinto-me imensamente feliz em poder oferecer minhas idéias e saber que tenho contribuindo com o trabalho e/ou estudo de colegas, futuros colegas psicólogo/as, colegas educadore/as, curioso/as e amigo/as.
O que mais me impressiona é a dimensão que este instrumento de comunicação nos proporciona. Comemorei 1000 acessos em agosto e agora, no início de outubro, dia 06, passo da contagem de 2000 acessos.
Agradeço aos visitantes por tornarem este blog útil.
Esta contagem aumenta a minha motivação em escrever e compartilhar minhas sistematizações.
Tenho tido retornos fantásticos a respeito do conteúdo, mas principalmente pelo estilo de escrita.
Agradeço aos estímulos que amiga/as e profissionais têm oferecido a este trabalho.
Estou cada vez mais fortalecida no propósito de expor idéias que considero úteis à área de Psicologia Escolar.
Agradeço imensamente às/aos leitoras/es que divulgam nosso blog e fazem dele um instrumento de conhecimento coletivo.
Por favor, fiquem a vontade para criticar, discutir, expor suas idéias também através dos comentários.