domingo, 27 de setembro de 2009

Dinâmica laboral de uma escola

Ações de profissionais da escola são moduladas por questões como período do ano, aluno com persistente comportamento característico de indisciplina, nível de descontrole comportamental coletiva nas turmas, quantidade de turmas agitadas na escola, competência de atuação da direção da escola, políticas governamentais, nível de influência parental sobre decisões laborais, nível de agressividade da comunidade escolar, clima organizacional, quantidade e qualidade de apoio laboral.

Dentre todas estas questões, algumas são típicas da escola e destas a que merece menção especial por não ser clara é a referente à sazonalidade – o primeiro item da nossa lista acima. A dinâmica de trabalho em uma escola é bastante agitada e se intensifica conforme o ano passa. A falta de evolução de alguns alunos, as brincadeiras conflituosas intraclasses (as denominadas bagunças) que aumentam conforme os laços relacionais dos alunos se consolidam, o impacto do clima sobre a saúde geral (em Brasília, agosto e setembro são meses de seca e índices de umidade relativo do ar muito baixos), o acúmulo do cansaço dos meses anteriores são fatores prejudicadores do bom desempenho das professoras.

Esta dinâmica de eventos só pode ser observada por quem está dentro deste sistema. Um exemplo é a agitação que toma conta de uma escola quando se aproxima o momento das reuniões de conselho de classe. Há uma série de atividades que mostram a previsibilidade disto. As professoras planejam, no início do ano, módulos de aprendizagem com auxílio dos livros didáticos e dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A cada bimestre há uma programação a cumprir e várias atividades da escola concorrem com ela, às vezes beneficiando seu andamento, às vezes interrompendo-o, dificultando-o e mesmo impedindo-o. O nosso atendimento aos alunos é uma dessas atividades, assim como passeios culturais ou de lazer, eventos cívico-culturais da escola, o comportamento coletivo da turma.

O final do bimestre é a culminância de uma série de atividades que o professor desenvolve em sala de aula. O não cumprimento do planejamento bimestral da docente gera-lhe angústia. Os momentos de avaliação deixam as turmas ansiosas. A sistematização das avaliações elaboradas durante o bimestre e sua compilação devem ser realizadas antes da reunião do conselho de classe.

O preenchimento do documento escolar mais importante também gera sofrimento para as professoras. O diário escolar causa arrepios se as regras não estiverem totalmente claras e disponíveis. Este documento pertence ao Ministério da Educação e seu correto preenchimento é exigência deste órgão. Não é permitido qualquer tipo de rasura e ele é o comprovante de freqüência dos alunos, dos conteúdos aplicados, que os temas transversais estão sendo utilizados, que o profissional trabalhou conforme as políticas referentes ao nível educacional em questão. Há muitas e complexas informações neste documento. Todas as pequenas vidas têm sua evolução anual transcritas para o papel no formato do diário escolar. As secretarias de cada escola são responsáveis pelo correto preenchimento e arquivamento deles e exigem que as docentes façam sua parte com perfeição pois os profissionais da escola serão responsabilizados legalmente caso algo saia errado, cada qual em seu âmbito de atuação.

Durante o conselho de classe grande parte dos dados do diário de classe já está preenchida e nele ocorre a finalização das anotações de cada bimestre. Os diários não podem sair das escolas posto serem documentos ministeriais oficiais. Assim, as professoras despendem horas de trabalho para correção de avaliações, sistematizações, preenchimento de diário além das aulas e de seus necessários planejamentos.

Tudo isto faz com que haja uma tensão aos finais de bimestre. O trabalho do psicólogo escolar deve ser sensível a queixas durante esta época, relevando possíveis exageros, mas não deixando de verificar a necessidade de atendimento. Cuidado também deve haver nas intervenções individuais e coletivas, pois há uma maior quantidade de avaliações neste período e uma interrupção neste momento pode ser altamente prejudicial para o aluno ou turma. O momento de saída de um aluno ou intervenção coletiva deve sempre ser cuidadoso e permitido pela profissional regente, mas intensifica-se neste tempo.

É necessário usarmos nossos conhecimentos de psicologia organizacional para diminuirmos as tensões típicas sazonais de modo a oferecer maior segurança e saúde às profissionais que atendemos reduzindo também o impacto destas tensões sobre o comportamento e o aprendizado dos pequenos. Devemos respeitar o movimento da escola, suas tensões e ritmos; devemos estar atentos/as para que nossa atuação tenha mais chances de êxito e sejam de fato aproveitadas pela instituição e seus entes.

Um comentário:

  1. como devo fazer com alguns alunos indisiplinares,estou com problemas e não sei como agir com o comportamentos deles.

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