domingo, 24 de abril de 2011

Atuação preventiva

Durante a atuação nas escolas de educação infantil - alunos de três a cinco anos - observamos os alunos no parquinho. Gosto muito desde local porque não há "invasão" das salas de aula, espaço sabidamente de domínio total do professor. Em geral, as professoras até gostam da nossa presença neste momento, porque têm tempo de nos mostrar o que percebem em seus pequenos e podemos acalmá-las com a nossa visão profissional. O parquinho é aberto, as crianças estão livres, sem atividade programada, expressando-se social ou individualmente. Durante o parquinho as crianças são observadas por vários adultos da escola e os nossos olhos não serão interpretados de forma diferente dos demais.

Em um desses momentos, notei que um de nossos alunos de três anos não estava no parquinho e perguntei se ele estava doente (por gripe, sinusite e afins, as mães pedem para os filhos ficarem sem a recreação na areia). A professora respondeu-me que o aluno tinha dificuldades em sujar-se, não participava de atividades com tinta e sentia agonia com a areia. Assim como vocês, eu imediatamente me espantei e percebi que era um caso para ser tratado por nós. Já saímos da escola com a reunião marcada com a mãe.

Durante entrevista com a mãe, percebemos que não eram oferecidas oportunidades de experimentação à criança. A cuidadora do nosso aluno é a avó e esta sofre de diabetes, mantendo-se em casa. Sugerimos, então, que a avó levasse o neto ao parquinho próximo à residência, que fossem compradas tintas, massa de modelar e argila para uso em casa e que esse uso fosse estimulado e compartilhado pelos demais entes da família. Ensinamos que a oferta de cada material desse deveria ser feita progressivamente e nessa ordem. Além disso, informamos que os passeios com o neto faria bem para a idosa. Finalmente, mostramos qual seria a progressão da doença que poderia estar espreitando nosso aluno.

Duas semanas depois do encontro com a mãe do aluno, durante a visita à escola, fomos informadas que o aluno já está brincando normalmente no parquinho com os demais pequeninos. Além disso, deixou-se pintar o rosto durante a comemoração do dia do circo.

Não há como expressar a felicidade e prazer que senti ao ser informada desses eventos. Fui treinada e trabalho para este resultado. Chegar a este ponto com apenas uma criança faz com que eu tenha a benção da satisfação laboral, infelizmente tão rara hoje.

Nesta postagem eu objetivei mostrar que, mesmo com um universo grande de alunos - aproximadamente 1100 - é possível realizarmos um serviço efetivo e de qualidade. Este sítio existe para isto.

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