Quando eu fiz meu curso de ensino fundamental primeiro seguimento (é assim que se fala?), nossos livros apresentavam textos com famílias desenhadas: pai, mãe, filho, filha brancos e empregada negra. Essa era a família padrão dos anos 80. Mas havia famílias chefiadas por mulheres, com mães trabalhadoras e outras que desconheço.
Durante a década de noventa, os livros didáticos foram altamente criticados por apresentar uma família de estrutura rígida e racista, já que os negros, quando apareciam, estavam sempre em uma posição social inferior aos brancos. A razão de criticar tais instrumentos educacionais se faz pela naturalização que trazem desenhos e histórias repetidas na infância. O que sempre é visto torna-se comum ao ponto de ser considerado natural e, portanto, esperado. Os livros didáticos foram revisados e suas ilustrações passaram a retratar famílias negras, orientais e situações típicas indígenas.
Porém, nós – profissionais – ainda somos preparados para trabalhar com a família Dó-re-mi do primeiro parágrafo. Nossos textos técnicos, apesar de não ter ilustrações, tratam de famílias européias ou norte-americanas típicas de pelo menos trinta anos atrás. Lembro-me dos comentários da minha professora de Psicologia do Desenvolvimento alertando para as possibilidades de se encontrar crianças com desenvolvimento diferenciado daquele mostrado nos livros da Helen Bee.
Mas ninguém nunca nos alertou sobre famílias diferenciadas.
Já enquanto profissional, durante atendimento de professoras, ouvia sempre falar de famílias desestruturadas. Eu compreendia perfeitamente que a família do aluno em pauta não era a Dó-re-mi. As famílias são descritas, às vezes, desde os avós pelas professoras e coordenadoras, o que facilita muito a compreensão do que acontece com os alunos. Mas a expressão desestruturadas não faz mais sentido para mim. Explico o porquê.
Acredito que a estrutura da família brasileira mudou completamente. Se a família Dó-re-mi foi algum dia o padrão do Brasil, hoje ele está bem diferente. A família hoje corresponde a um genitor biológico e outra pessoa, geralmente parceiro sexual do primeiro. Comumente, o genitor é a mãe e a outra pessoa, o padrasto. Há casos em que os filhos do padrasto também se associam à nova família. Neste caso, identificamos um problema de denominação: como chamar a relação entre as crianças? Creio que não são meros amigos porque pertencem à nova família formada. Também ocorrem novos nascimentos e nascem meio-irmãos/ãs (também desconheço o plural correto deste termo e se há hífem ou não). Também acontece desse segundo relacionamento matrimonial se desfazer e surgir um terceiro. É devido à freqüência dessas ocorrências que considero importante cunharmos rapidamente uma nomenclatura para esse novo tipo de parentesco não-sanguíneo.
Vejamos como ficaria um esquema dessa estrutura familiar que é freqüente nas escolas onde atuo e que percebo em todas as classes sociais – apesar de ainda não aparecer nas novelas:
Com intuito de não confundir muito, tomamos emprestados os lindos símbolos da genética, com adaptações. Para os que não se lembram (ou não prestaram atenção às aulas) os quadrados são machos e os círculos são fêmeas. Os traços horizontais na primeira linha indicam relação atual. As linhas pontilhadas mostram relacionamentos anteriores. Os traços horizontais inferiores demonstram relações de parentesco e os verticais, descendência. No meu esquema, na segunda linha temos os dois primeiros meninos filhos do segundo matrimônio da mãe. As quatro figuras seguintes (uma menina, um menino e duas meninas) vivem com o casal representado logo acima deles. Os três seguintes vivem com o pai, a filha se desentendeu com suas regras e foi morar com a mãe. No relacionamento do centro, ambos os parceiros advém de relações anteriores. O marido entra no novo casamento com seus dois filhos da primeira relação e teve uma menina com a atual esposa. Essa, por sua vez, trouxe a filha que se desentendeu com o pai. Nessa família há padrasto, madrasta, pai e mãe. Denominaremos os filhos do esposo de co-irmãos da filha da esposa.
Se este novo esquema não suscitasse problema nenhum, eu terminaria aqui minha exposição. Porém, como muitos sabem, as paixões intra-familiares são comuns. Os tabus ocorrem quando há co-sanguinidade, mas o que se faz quando co-irmãos se apaixonam ou brincam juntos sexualmente e geram um bebê? Como evitar que isso ocorra?
Mais comum do que este risco é a indecisão dos padrastos e madrastas assumirem o papel de pais. Há restrições por parte do pai genético, da esposa, da própria criança/adolescente. No nosso exemplo, tomando a família central novamente: caso a esposa decida informar a enteada sobre pílulas anticoncepcionais quando ela completar treze anos, a mãe poderá se sentir invadida, pois pode considerar esse assunto íntimo restrito à relação mãe (genitora) e filha.
As formas de educação de cada pai, as interpretações dos genitores que não moram com os filhos, os riscos de o novo esposo envolver-se emocionalmente com a filha: temores que assombram novos relacionamentos recheados de filhos e enteados. Muitos problemas advêm da dificuldade de decisão sobre os novos papéis e de entendimento entre os ex-parceiros. Também podem ocorrer problemas da não aceitação de separação e novo relacionamento. Crimes ocorrem devido à falta de definições emocionais. Todas as pendências geram sofrimento e impactam a vida escolar.
Não falamos ainda sobre as avós e avôs que enfrentam uma jornada ampliada como pais de seus netos. A realidade econômica aumenta cada vez mais a necessidade deste tipo de auxílio às novas famílias. Há grandes crises quanto às formas de educação intergeracionais. O excesso de respeito e os desrespeitos que surgem desse arranjo, também costumam chegar às nossas mãos porque confundem as crianças e geram conflitos em todos os personagens da família.
Essa fofoca toda acaba em nossas mesas de trabalho e não falar disso é tampar o sol com a peneira. Creio que assistentes sociais devam ser especialistas nesse assunto. Apesar disso, considero o tema aqui abordado assunto da sociologia, já que se trata de nova formação básica da sociedade. Trago ele à tona para alertar os/as alunos/as de psicologia e provocar discussão nos profissionais.
Há ainda as famílias que começam a se mostrar nas escolas e que merecem um texto exclusivo: as que impõem uma revisão no conceito de família.
Já existe uma denominação para o vínculo entre os novos filhos do ex-casal, em novos relacionamentos? Ou seja, após a separação cada um dos ex-cônjuges constitue nova família com filhos. O que o filho da "mãe" é do filho do "pai"? Eles podem ter irmão em comum (do primeiro relacionamento do ex-casal), mas não têm parentesco, como concunhado também não.
ResponderExcluirNo parágrafo que explica o esquema, indico como eu denomino a relação das crianças que não são irmãos mas vivem como se fossem: co-irmãos, pegando emprestado o prefixo de co-cunhado, mesmo sem base etimológica.
ResponderExcluirOs demais nomes continuam: meio-irmãos para os que têm um dos pais em comum; madrasta e padrasto; enteados/as.
Aqui em Brasília os amigos dos pais são denominados tios/as e há casos em que as crianças chamam os novos cônjuges do/a pai/mãe de tias/os.
Assim, os relacionamentos fraternais se transformaram em genérico para os pequenos.
Quanto aos avós, ainda não percebi nenhuma questão.
Grata pelo comentário,
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