quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sobre o autismo

O autismo é entendido como um desvio no desenvolvimento normal de uma criança. Ele é classificado como transtorno global do desenvolvimento que, segundo o DSM-IV, deve manifestar os primeiros sintomas ainda na primeira infância, antes dos três anos de idade.

São sintomas de autismo atraso na aquisição da fala; ausência ou dificuldades no contato visual direto (olho no olho); falta de acomodação do bebê ao corpo do adulto quando em seu colo; não compartilhamento de atenção, surpresas, descobertas por parte da criança; ausência de verificação de aprovação/reprovação do adulto em relação às suas ações; apego a brinquedos bizarros ou improvisados; criatividade restrita; ecolalia; fala descontextualizada; restrições alimentares; apego a rotina e resistência a mudanças; comportamento estereotipado; dificuldades em interações pessoais; crises agressivas sem motivo aparente; auto-agressividade ou flagelação; fixação em determinados temas. Caso uma criança ou adolescente apresente um ou dois destes sintomas, deve-se observar atentamente seu comportamento. Quando houver suspeita, a família deve encaminhar a criança a um psiquiatra infantil.

As características principais de uma criança autista são dificuldades ou desvios na comunicação, socialização, psicomotricidade e no comportamento. As formas de manifestação destes elementos ocorre de forma bizarra. Algumas vezes o contato com essas crianças pode causar assombro.

Há famílias que não percebem que há algo errado com seus pequenos. Ainda não li nada sobre as reações de pais e mães frente a seus bebês com comportamentos tão diferentes. A classe médica não está preparada para identificar comportamentos característicos de autismo na primeira fase da vida. Mesmo com suspeita e relatório comportamental detalhado da escola, é raro um médico atestar o transtorno antes dos seis anos de idade. O diagnóstico é feito por exclusão, não há exames que detectem o transtorno.

A síndrome é muito comprometedora e impede as relações familiares corriqueiras. As famílias que contém um/a autista não admitem uma rotina comum e seus participantes adquirem sintomas relacionados à convivência com o/a sindrômico. A psicóloga clínica Ana Maria Bereohff nos alerta que devemos dar atenção aos irmãos de autistas. Como há uma ideia geral de que os pais morrem antes dos filhos, e sendo os autistas pessoas a priori dependentes, a/os irmã/os assume(m) a responsabilidade de cuidar. Algumas vezes essa assunção ocorre tão precocemente que a infância do irmã/o é podada. Estou acompanhando um caso em que o irmão de um autista deixa de brincar para ajudar a mãe a cuidar do outro. A mãe percebe o excesso e admite sair com os filhos separadamente para garantir a diversão do irmão, preservando-o.

A vida dos adultos também modifica-se radicalmente devido a sua convivência com atos anti-sociais dos filhos com autismo. Além disso, não é raro verificar separações de casais quando um dos cônjuges não se implica firmemente com o problema. Em geral, percebe-se uma tendência masculina neste comportamento, provavelmente devido a crença, em nossa sociedade, de que as crianças são de responsabilidade feminina. Esse dado não é científico na medida em que não foi realizada uma pesquisa empírica, mas observações dos casos que estamos estudando.

Entramos em contato com o movimento do Orgulho Autista que abarca familiares e profissionais que lidam com o autismo. Este movimento teve sua origem na sociedade estadunidense. Aqui em Brasília, o movimento é bastante forte e promove palestras com profissionais especializados pelo menos uma vez por ano e uma vez por mês há o Desabafo Autista quando os parentes, profissionais que lidam com autistas e os próprios acometidos se expressam livremente sobre a questão. Esses são momentos tão ou mais ricos quanto palestras com profissionais, posto que trata-se da realidade em relatos emocionantes contrastando com o distanciamento que a sistematização de conhecimentos provoca.

A psicóloga Ana Maria Bereohff alerta para cuidados na avaliação psicológica de autistas. É necessário apresentar um ambiente rico em possibilidades e recursos para se identificar o interesse do acometido. Esse interesse pode ser detectado também através do discurso dos pais e dos profissionais da escola. Diz ainda a colega que se deve estabelecer metas possíveis para o tratamento psicoterápico. Ela sugere a leitura do livro “O estranho caso do cachorro morto” que se encontra em fase de filmagem para o cinema.

Há um filme que narra a história real de uma família com um filho autista, suas dificuldades e o estabelecimento de comunicação com o pequeno. O filme está disponível no U-Tube e chama-se “Thomas: um amigo inesperado”. O título original é “After Thomas”.

Mais informações na postagem Ainda sobre o autismo:
http://atuarpsicologiaescolar.blogspot.com/2010/10/ainda-sobre-o-autismo.html

http://movimentoorgulhoautista.ning.com/

Links para o filme After Thomas

http://www.youtube.com/watch?v=7PhRJKcwHeY&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=RPK_SLApPyw&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=SDlV0_I358I&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=EVoZY3OwA3A&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=CT5XevwhFu8&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=mxrN06HEzx4&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=DSntI1Z1leA&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=8mJwlYh-UQ0&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=OkBrCYnHHbs&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=lb5gMpaAL64&feature=related

Um comentário:

  1. Esse transtorno pervasivo do desenvolvimento infantil tem sido altuamente foco de muita atenção, embora não o suficiente para oferecer um panorama completo.
    Acho que entre outras informações que possam ser relevantes são a incidência, as causas prováveis ou fatores de risco, o espectro da síndrome (que tende a ser grande) e as relações com outras síndromes como Aspergen.
    Outra coisa que pode ajudar os pais é ter um panorama breve das opções de tratamento e como a criança é acompanhada na vida escolar, principalmente porque como psicóloga escolar você deve ter muitas dicas de que serviços procurar.
    Obrigada mais uma vez pelos cuidadosos textos.
    Beijos grandes

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