quarta-feira, 28 de julho de 2010

Formação continuada

A visão treinada dos psicólogos identifica facilmente crianças que podem ser beneficiadas com nosso auxílio. Quanto mais, trabalhamos mais fina fica a nossa observação, melhor a nossa escuta. É provavelmente devido a isto que o Conselho Federal de Psicologia oferece a psicólogos o título de especialista para profissionais que atuam na área pleiteada de especialização mediante comprovação de tempo de serviço e prova de conhecimentos específicos.

Trabalhei de 2001 a 2008 com alunos que têm dificuldade de aprendizagem, entre 2008 e 2010 como psicóloga escolar residente e agora realizo diagnósticos e apóio pais e professores em suas funções de educadores. Nessa nova fase, eu e minha parceira de trabalho que é pedagoga, lidamos com a grande responsabilidade de afirmar que vários alunos são ou têm transtornos, distúrbios, doenças muitas vezes assustadoras para pais e escolas. Estes alunos se destacam da maioria e por isso são encaminhados aos nossos cuidados. Alguns têm apenas problemas de adaptação, mas a maior parte tem mesmo algum problema grave que a professora ou os pais sozinhos não conseguem resolver.

Mesmo com experiência, muitas vezes ficamos indecisas sobre o melhor diagnóstico e quais os termos devemos usar para sermos entendidas de forma profunda, inequívoca e fácil. Relatamos nossas observações e avaliações para pais, professoras, médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, psicomotricistas, burocratas da Secretaria de Educação.

Consideramos que temos oportunidade privilegiada de acesso às crianças e ao seu ambiente escolar. Temos tempo para observar os pequenos, para conversar com as professoras e pais (às vezes levamos duas horas com cada um), para discutir o caso com os profissionais da escola ou extra-escolares e entre nós mesmas. Por isso, acreditamos que devemos fundamentar a avaliação dos demais profissionais que atenderão a criança.

Nosso relatório é minucioso, amplo, descritivo, longo, cuidadoso. Expomos apenas as informações que consideramos relevantes. Buscamos o melhor atendimento pelas escolas e melhor tratamento pelos profissionais de saúde.

Para fundamentar nossa prática, estamos sempre estudando, discutindo nossas teorias de base, buscando livros, cursos, participando de palestras e debates, consultando outros profissionais. Esta ampla busca de informações sobre cada criança em investigação é provocada pela intenção de alcançar o melhor resultado.

Esta preocupação e empenho possibilitam cada vez melhor desempenho. Quando declaramos aos pais nosso diagnóstico, nossa orientação mostra a segurança construída depois de muito estudo e debate. Muitas vezes surpresos durante a entrevista, os responsáveis têm suas angústias acolhidas de forma a saírem do encontro com traquilidade. A sensação de ignorância e desnorteamento são sanadas nesta mesma oportunidade e os pais sentem a firmeza do apoio da escola para enfrentar os problemas em conjunto.

Nossa busca é brindada com a adesão dos adultos às nossas sugestões de tratamento. A confiança que pais e professores depositam na nossa atuação nos dá certeza de que nossa conduta é acertada. Temos tido boas respostas dos profissionais das escolas que atendemos (que são cinco). Pais saem mais leves de encontros conosco mesmo aqueles que demonstram personalidade arredia.