domingo, 11 de abril de 2010

A necessidades de relações interpessoais

Estive em uma palestra outro dia sobre a necessidade de termos boas relações para que nossa qualidade de vida seja boa. No caso da Psicologia Escolar, esta ideia se torna essencial porque é justamente nas relações que nosso trabalho se efetiva.

Já falei disso em postagem anterior. A sociedade é muito exigente com as pessoas que exercem a psicologia. O imaginário coletivo envolveu o psicólogo em vestimentas sacerdotais que denotam constante tranqüilidade, acessibilidade, resoluções rápidas, impassividade, alheiamento das alterações de humor comuns do cotidiano. Então, se você é psicólogo, não tem direito de um revés, mau humor, estresse, alegria, animação em festas. Você deve ser contido/a. De fato, esta imagem geral é coerente com o papel de instrumento, de objeto que desempenhamos principalmente na clínica, o nosso papel de não-sujeito.

Mas quem não é sujeito não se relaciona com as pessoas, apenas sofre suas ações e disponibiliza suas características para uso dos humanos. Como estabelecer relações saudáveis sendo um objeto de uso da escola?

Confesso que sofri muito para me adequar a este padrão de comportamento imposto pelo imaginário social. Como o meu nome mostra, descendo de italianos por parte de pai e mãe. Somos bastante passionais, agitados e expressivos. Eu gesticulo bastante quando falo, é muito fácil saber o que estou pensando e gosto muito da verdade. Demorei bastante para me tornar uma psicóloga padrão.

Uma vez padronizada, passei a conter minhas opiniões e disfarçar minhas expressões faciais. No contato com as colegas na escola, escuto muito e emito opiniões pessoais durante reuniões colegiadas. As conversas são sempre atendimentos profissionais quando analiso sintomas e indico minhas preocupações e cuidados que devem ser tomados para evitar insônias, depressões, crises nervosas. Estou sempre atenta aos movimentos da escola, questiono se as pessoas estão bem com abertura para expressão sincera e tempo para escutá-las. Procuro estar à disposição para atender casos emergenciais, tais como crise nervosa ou de choro de alunos/as; pais de alunos que precisam de atendimento e que já estão na escola; profissionais em crise; atendimento de Conselho Tutelar; resolução de agressões ou ameaças entre alunos/as, por exemplo.

Esta disponibilidade facilita e reduz as questões por serem atacadas em sua origem ou com prontidão. Além disso, faz com que a escola perceba o profissional psicólogo como acessível e prestativo. Dessa forma, é possível desempenhar o papel de instrumento da instituição, reduzindo a demanda por serviços externos, solucionando casos que poderiam extrapolar os serviços disponibilizados na própria escola (Conselho Tutelar, psiquiatria, fonoaudiologia, neurologia, psicoterapia, psicopedagogia), e... possibilitando relações sociais que correspondem à expectativa social do psicólogo.

Estar disponível para atender é a principal forma de estabelecer boas relações laborais de forma a aumentar nossa qualidade de vida no trabalho, intensificando nossa produção.